15 de setembro de 2010

Poema de névoas

Iremar Marinho

Ao meu pai Manoel Marinho

- Que divindade reúne
Miasmas desintegrados
E bóreas inomeados
Para formar nebulosas?

- Um deus desmemoriado,
Qual demiurgo deforma
O tempo para em seguida
Refazê-lo como névoa?

- Não é o cosmo tecido
Como teia pela aranha,
Mas esculpido ao fogo
Soprado por mil demônios.

Ó homem marcado, dai
Lugar a quem, sem sinal,
Passa incólume sob o crivo
Dos detentores da morte.

Atentai ao que está mudo
(Não-falado-aquém-do-som),
Ao quase que nunca é,
Ao rumor de ventos dantes.

Atentai à flor da pedra,
À prostração do vazio,
Ao raio feito delírio,
Aos lírios ensanguentados.

2 comentários:

  1. Olá Iremar, muito prazer!

    Muito obrigada por me seguir no blog "Se eu Flor de Morango". Então, fiquei curiosa e cá estou para lhe visitar em seu espaço de letras.

    Seu poema é forte, mas me fez sorrir... Por que traz o fogo sagrado que esculpe flores nas pedras.

    Abraços, obrigada,
    Madalena Barranco

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  2. Olá, Madalena,
    Prazer o meu ao descobrir seu doce blog,
    que começa com o belo trocadilho em flor.
    Ora, se o poema traz o fogo sagrado
    esculpindo flores nas pedras, e lhe faz sorrir,
    então, para mim, já cumpriu sua função,
    que pode ser para todas as utilidades ou nenhuma.
    Obrigado pela visita e comentário.
    Volte sempre com sua poesia em flor de morangos.

    Iremar Marinho

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