Iremar Marinho
O bueiro fere o espaço.
O apito fere o tempo.A fumaça fere o ar.
A produção fere a gente.
Nos gases que a usina expele,
sobem as almas dos homens,
que são nada. Embora tantos,
somem no ar, são fumaça.
Fumaça que leva sonhos
de fuligem maculados.
Fumaça
que fere o ar.
Marcas *
Iremar Marinho
A
máquina produz homens,
abastecendo o mercado,
abastecendo o mercado,
no
cumprimento da lei
da oferta e da procura.
Cada caixa de homens traz
sua etiqueta loquaz –
da oferta e da procura.
Cada caixa de homens traz
sua etiqueta loquaz –
esta:
ricos; esta: pobres,
mais esta: desempregados.
mais esta: desempregados.
Mais
uma caixa: tiranos,
aqueloutra, marginais.
São as marcas registradas.
Homem industrializado,
computado, consumido.
*Poemas integrantes da "Coletânea Caeté do Poema Alagoano", publicada pela Seculte/Alagoas, 1987